Este artigo é parte integrante da série A Visão e a Voz - Liber 418

Liber 418: A Visão e a Voz, é considerado por Aleister Crowley como o segundo livro em importância, perdendo apenas para Liber AL vel Legis Para obtê-lo, Aleister Crowley e seu discípulo, o poeta inglês Victor Benjamin Neuburg, viajaram as terras áridas da Argélia e ali realizaram invocações específicas valendo-se do sistema enoquiano de John Dee e Edward Kelley.


VTI é o 25º Æthyr invocado no Liber 418. Refere-se ao caminho de Teth (Atu XI. O Querubim do Fogo na Iniciação). A Visão do Fruto da Grande Obra da Besta - 666. O Leão.

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A invocação do 25º Æthyr chamado VTI

Não há nada na pedra além de uma Rosa Cruz na cor dourada pálida.

Agora vem um Anjo de asas brilhantes, esse é o Anjo do 25º Ar. E todo o ar possui uma cor oliva escura como uma pedra alexandrina. Ele carrega um jarro ou ânfora. E agora outro Anjo, sobre um cavalo branco, aproxima-se e outro sobre um touro negro. E agora vem um leão e engole os dois últimos anjos. O primeiro vai em direção ao leão e fecha a sua boca. E atrás dele perfila-se uma grande companhia de Anjos portando lanças prateadas parecendo uma floresta. E o Anjo diz: Toquem tuas trombetas, pois eu perderei minhas mãos na boca do leão e seu rugido inflamará os mundos. Então as trombetas tocam e o vento se intensifica, e assobia pavorosamente. É um vento azul com pontos em prata; e sopra através de todo Æthyr. Então o leão toma forma semelhante a uma chama incandescente. E ele ruge em uma língua desconhecida. Porém aqui vai uma interpretação: Deixai as estrelas consumirem-se no fogo de minhas narinas! Que todos os deuses e arcanjos e os anjos e os espíritos que estão na terra, e acima da terra, e abaixo da terra, que estão em todos os céus e em todos os infernos, que todos eles tornem-se ciscos bailando no piscar dos meus olhos! Eu sou o devorador da morte e vitória. Eu mato o bode coroado e sorvo o grande mar. Tal qual o pó da secura revoa os mundos são soprados ante mim. Tu passaste por mim e não me reconheceste. Ai de ti que não devorei por completo. Em minha cabeça repousa a coroa, 419 raios reluzentes. E meu corpo é o corpo da Cobra, e minha alma é a alma da Criança Coroada e Conquistadora. Porém um Anjo trajando robes alvos me conduz - quem cavalgará em mim além da Mulher das Abominações? Quem é a Besta? Não sou mais do que ele? Em sua mão está uma espada que é um livro. Em sua mão está uma lança que é uma taça de fornicação. Sobre sua boca há um conjunto de grandes e terríveis selos. E ele tem o segredo de V. Seus dez chifres saem de cinco pontas e suas oito cabeças são como o auriga do Oeste. Assim o salpico do sol tempera a lança de Marte, e assim ele será venerado como o guerreiro senhor do sol. Porém nele está a mulher que devorou com sua água todo o fogo de Deus. Ai! meu senhor, tu te unistes a ele que desconhece essas cousas. Quando chegar o dia esses homens irão se reunir neste meu portal e cairão dentro da minha garganta furiosa, um redemoinho de fogo? Este é o inferno voraz e lá todos eles serão totalmente consumidos. Por essa razão os asbestos inconsumíveis fizeram pureza. Cada um dos meus dentes é uma letra do nome reverberante. Minha língua é um pilar de fogo e das glândulas de minha boca erguem-se quatro pilares de água. TAOTZEM é o nome pelo qual eu sou ofendido. Meu nome, tu não conhecerás, para que não o pronuncies e atravesse.


E agora o Anjo avança novamente e fecha a boca.


Durante todo esse tempo pesadas ventanias me açoitam, oriundas dos anjos invisíveis que aumentam o meu peso igualando ao de um fardo maior que o mundo. Sou totalmente esmagado.


Grandes pedras moedoras são arremessadas dos céus em mim. Eu estou tentando rastejar em direção ao leão e o chão está coberto com facas afiadas. Sou cortado a cada polegada. E a voz vem: Por que estás aqui e quem és tu? Tu não trás o sinal numérico e o selo do nome e o anel do olho? Tu não cederás.


E eu respondi e disse: Eu sou uma criatura de terra e você me mandaria nadar.


E a voz disse: Teu medo é conhecido; tua ignorância é conhecida; tua fraqueza é conhecida; porém tu não és nada nessa importância. Deverá o grão lançado pelo semeador questionar se é aveia ou cevada? Escravo de prisão da maldição, nós não nada damos, nós tudo tomamos. Alegra-te. Isso que tu és és tu. Alegra-te.


E agora o leão passa pelo Æthyr com a besta coroada nas suas costas e a sua cauda prossegue em vez de parar e cada pelo às vezes é uma coisa às vezes outra - uma pequena casa, um planeta ou uma cidade. Dali em diante aparece uma grande planície onde soldados lutam e uma grande montanha cravada de mil templos e mais casas e jardins e campos e grandes cidades repleta de maravilhosas construções, estátuas e colunas e torres públicas. Essas coisas vão e vem, vão e vem, vão e vem nos pelos da cauda do leão.


Há um tufo de pelo que parece um cometa, porém o topo é um novo universo e cada pelo que cai é uma Via Láctea.


Então surge uma figura pálida e dura, grande, grande, maior do que todo o universo em armadura prateada, com uma espada e um par de pratos de balança. É muito vago. Tudo se foi da pedra cinzenta, apagado.


Nada restou.


Ain el Hajel., 25 de novembro de 1909. 20:40 - 21:40 pm

(Havia duas vozes em todo a Invocação, uma atrás da outra, ou uma falava e a outra explicava. E a voz que falava era um rugido, muito alto, como uma mistura de trovões e quedas d'água e bestas selvagens e companhias de artilharia. E era articulada, embora não pudesse dizer a você qual o significado das palavras. No entanto, a voz explicativa, a segunda, era bastante quieta e colocava as idéias na cabeça do Vidente como se estivesse tocando-o. Não estou certo se as pedras que caiaram e os golpes de espada faziam parte destes vozes e dos conceitos que encerravam)

Referências