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Originalmente Kybalion, escrito por Paul Foster Case, Michael Witty e William Walker Atkinson (Yogi Ramacharaka) sob o pseudônimo coletivo de Três Iniciados foi publicado pela primeira vez em 1908 pela Sociedade de Yogi de Chicago.

No Brasil foi publicado pela editora Pensamento em 1912 a tradução feita por Rosabis Camaysar sob o título de Caibalion, o livro em questão é reconhecido por diversos especialistas em esoterismo ocidental, hermetismo e filosofia oculta como um marco fundamental no estudo destas áreas. Ele encapsula a essência dos ensinamentos de Hermes Trismegisto, conforme transmitidos nas escolas herméticas do Egito e da Grécia Antiga. Este texto destaca-se por antecipar conceitos que mais tarde seriam centrais, como a Lei da Atração e as teorias associadas ao Movimento do Novo Pensamento. Embora documentos mais antigos, como a Tábua de Esmeralda, tenham condensado a Filosofia Hermética em uma série de axiomas concisos, este livro se aprofunda nos elementos-chave dessa filosofia, oferecendo explicações e detalhamentos extensos, além de apresentar os conceitos de maneira mais acessível ao público geral. Por essa razão, é considerado por muitos estudiosos, filósofos e alquimistas um texto autorizado e fundamental sobre o Hermetismo, superado apenas pelo Corpus Hermeticum e pela própria Tábua de Esmeralda.

Os Sete Princípios

O texto ganhou reputação como um livro significativo sobre comentários herméticos modernos. O texto, que é curto mas profundo, lança uma luz concisa sobre sete princípios selecionados do antigo pensamento hermético. Leitores familiarizados com a ocultismo e outros sistemas mágicos provavelmente reconhecerão cruzamentos esotéricos dentro de sua própria estrutura filosófica. Os princípios discutidos são relevantes para qualquer pessoa que siga um sistema espiritual movido pela emoção, são os seguintes.

1. O Princípio do Mentalismo: "O Todo é mente, o Universo é mental."

Todas as coisas existentes e a realidade física surgem do plano mental. A mente da humanidade é um reflexo da Mente Infinita e é a fonte de todo poder perceptivo e psíquico . A única coisa substancial na realidade é a mente, da qual deriva tudo na realidade.

2. O Princípio da Correspondência: "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima."

A existência é sustentada por forças correspondentes, sendo a origem do paradoxo espiritual. Os princípios de uma coisa correspondem aos princípios de outra coisa; a realidade funciona como um espelho.

3. O Princípio da Vibração: "Nada está parado, tudo se movimenta, tudo vibra."

Nada na realidade é fisicamente imutável; tudo é uma vibração ou padrão de energia. Como nada é estático ou fixo, a única constante é a mudança. Tudo é uma manifestação do Todo ou da Grande Mente, e a vibração é a razão pela qual qualquer coisa pode existir como sua “própria” coisa distinta (um livro, um rio, um pensamento, etc.) em vez de permanecer una.

4. O Princípio da Polaridade: "Tudo é duplo; tudo tem polos; tudo tem seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em graus; extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados."

A realidade é dualidade. Tal como o princípio taoista do yin e do yang , este afirma que tudo tem o seu oposto igual, mas faz parte da mesma unidade. Como toda a existência é polarizada, tanto a tese como a antítese (uma coisa e o seu completo oposto) são simultaneamente verdadeiras e falsas – um paradoxo global que oblitera noções de absolutos em qualquer área da vida.

5. O Princípio do Ritmo: "Tudo flui, para fora e para dentro; tudo tem suas marés; todas as coisas se levantam e caem; a oscilação do pêndulo se manifesta em tudo; a medida da oscilação à direita é a medida da oscilação à esquerda; o ritmo compensa.”

Ação e reação, o ciclo de vida de nascimento e eventual morte, a subida e descida da maré do mar... Essas ocorrências explicam este princípio, que afirma que nada existe como uma de suas polaridades, mas é sempre flutuante. Sabendo disso, uma pessoa pode escolher conscientemente não cair em um extremo ou outro em qualquer área da vida.

6. O Princípio de Causa e Efeito: "Toda causa tem seu efeito, todo efeito tem sua causa; tudo acontece de acordo com a lei; o acaso é simplesmente o nome dado a uma lei desconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à lei.”

Nada é casual; tudo é resultado de outra coisa. Pode-se optar por agir como uma peça de xadrez social para os caprichos, desejos, normas e condicionamentos dos outros, ou pode-se optar por individualizar e assumir o poder sobre seus próprios corpos, pensamentos, ações, emoções e experiências.

7. O Princípio do Gênero: "O gênero está em tudo; tudo tem seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos da existência.”

Tudo na realidade é um amálgama do feminino e do masculino. Ambas as forças existem uma dentro da outra e nenhuma das forças existe independentemente ou como absoluta. Tudo e todos são uma combinação de energias masculinas e femininas, em vez de serem uma ou outra, e sua manifestação no plano físico é o sexo biológico, que pode ser masculino, feminino ou intermediário.

Da autoria

A autoria do livro do Caibalion é um assunto de ampla especulação e debate, principalmente devido à decisão dos autores, conhecidos como "três Iniciados", de permanecerem anônimos. A hipótese mais aceita é que William Walker Atkinson seja o autor principal do livro. Essa teoria se baseia em várias evidências, como o fato de Atkinson ter sido proprietário da Yogi Publication Society, conhecida por publicar obras sob vários pseudônimos, a semelhança entre os Sete Princípios Herméticos do Caibalion e as Sete Leis Arcanas de The Arcane Teaching (outra obra de Atkinson), além da edição de 1912 de Who's Who in America, que o identifica como autor do Caibalion. Adicionalmente, a tradução francesa de 1917 do livro atribui a autoria a "W. W. Atkinson", descrito como um "mestre psíquico estadunidense".

Além de Atkinson, outras teorias sugerem a coautoria de várias personalidades ligadas ao esoterismo e ao pensamento ocultista. Entre eles, Paul Foster Case, fundador dos Builders of the Adytum; Michael Witty e Charles Atkins, líderes da Loja Thoth-Hermes da Ordem Alpha et Omega (dissidência da Golden Dawn) em Chicago; Claude Alexander, ilusionista e autor associado ao Novo Pensamento; Claude Bragdon, teósofo e arquiteto; Harriet Case, esposa de Paul Foster Case; Mabel Collins, escritora teósofa; e Marie Corelli, autora de romances metafísicos. No entanto, essas teorias são menos fundamentadas do que a atribuição a Atkinson e carecem de evidências conclusivas.