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<p align='right'>'''Bou Saada'''<br>
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'''3 de Dezembro de 1909. 21:50 - 23:1'''</p>
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==Referências==


*[http://www.astrumargentum.org/arquivos/ht/libri/libri_418.htm Astrum Argentum] Retirado no dia 15/11/2006 e.v.
[[Categoria:Liber 418]]
[[Categoria:Liber 418]]

Edição atual tal como às 07h07min de 17 de janeiro de 2011

Este artigo é parte integrante da série A Visão e a Voz - Liber 418

Liber 418: A Visão e a Voz, é considerado por Aleister Crowley como o segundo livro em importância, perdendo apenas para Liber AL vel Legis Para obtê-lo, Aleister Crowley e seu discípulo, o poeta inglês Victor Benjamin Neuburg, viajaram as terras áridas da Argélia e ali realizaram invocações específicas valendo-se do sistema enoquiano de John Dee e Edward Kelley.


UTA é o 14º Æthyr invocado no Liber 418. Refere-se à visão da Cidade das Pirâmides. A recepção do Mestre do Templo.

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A invocação do 14º Æthyr chamado UTA

Entra na pedra um bode branco, um dragão verde e um touro fulvo. Porém, rapidamente se vão. E ante o Æthyr surge um véu negro, mas tão negro que é impossível penetrá-lo. Mas surge uma voz e diz: Olhai, o Grande Ser da Noite do Tempo move-se e com sua cauda bate o lodo e da espuma resultante faz estrelas. E na batalha de Píton contra a Esfinge, a glória será da Esfinge, porém a vitória de Píton.


Agora, o véu de negrume parece ser formado por vários outros véus, igualmente negros, mais finos, um interpenetrando o outro. E a voz diz: Não existe luz ou conhecimento ou beleza ou estabilidade no Reino do Túmulo para onde tu vais. E o verme é coroado. Tudo o que tu foste ele devora e tudo o que tu és, será seu pasto até amanhã. E tudo que tu será é nada. Tu, que adentras os domínios do Grande Ser da Noite do Tempo, tal fardo deves carregar. Não te aprofundes.


Então, mais do que depressa, penetro no véu para que possa conseguir a visão de VTA e ouvir a sua voz. E uma vem: Ele arrancou a fava negra. E uma voz replica: de outro modo ele não poderia plantar uma Rosa. A primeira voz: Ele bebeu das águas da morte. A segunda: De outro modo ele não poderia irrigar a Rosa. A primeira: Ele queima-se no Fogo da vida. A segunda replica: de outro modo ele não poderia esquentar a Rosa. A primeira voz é tão débil que mal consigo ouvi-la, porém, a resposta é: De outro modo ele não poderia arrancar a Rosa.


Eu ainda adentro as trevas com dificuldade. Então, ocorre um terremoto. O véu se despedaça em milhares de pedaços, lançados aos moinhos de vento. E surge um glorioso Anjo, na posição dos sinais de Apófis e Tifão. Em sua Fronte está uma estrela e, no entanto, ao seu redor, estão trevas e o barulho de bestas. Também vejo flashes piscando na escuridão.


E o Anjo diz: afasta-te! Pois tu deves invocar-me apenas nas trevas. Nelas, eu aparecerei e revelarei a ti o Mistério de VTA. Por ser grande e terrível esse Mistério não será revelado na luz do sol.


Por isso, retiro-me (assim vejo Da’leh Addin, uma montanha no deserto próximo a Bou Saada.


3 de Dezembro, 14:50 - 15:15


O Anjo reaparece.

As trevas chegam espessas, penetrantes, opressivas, todas as outras que vira são brilhantes perto desta.


A voz dele é sussurrada: Ó tu que és o mestre dos cinqüenta portais da Compreensão, não é a minha mãe uma mulher escura? Ó tu que és o mestre do mais alto ponto do Pentagrama, não seria negro o ovo do espírito?(514) Aqui reside o terror e a dor d ’Alma e Veja! Até eu, que sou o brilho único, fico no sinal de Apófis e Tifão.


Eu sou a serpente que devora o espírito do homem com a luxúria da luz. Eu sou a invisível tormenta na noite abraçando o mundo com desolação. Caos é o meu nome e densas trevas. Saiba-te que as trevas da terra são rubras e as trevas do ar são acinzentadas, mas as trevas d’alma são completamente negras.


O ovo do espírito é o ovo do basilisco e os portais da compreensão são cinqüenta, sendo eles do signo de Escorpião. Os pilares ao redor do neófito são coroados com chamas e a abóbada dos Adeptos é iluminada pela Rosa. E no abismo reside o olho do falcão. No entanto, sobre o grande mar, estará o Mestre do Templo, não na estrela ou na lua.


Eu iria responder a ele: “A luz está comigo”. Porém, antes que pudesse pronunciar as palavras, ele falou uma grande palavra que é a Chave do Abismo. E disse logo em seguida: tu entraste na noite e cobiçaste o dia? Sofrimento é meu nome e aflição. Estou envolvido em tribulação. Aqui ainda pende o Crucificado e aqui a Mãe lamenta pelo filho que ainda não veio. Esterilidade é meu nome e desolação. Intolerável é tua dor e incurável tua ferida. Eu digo: Que as trevas cubram-me e atentai! Estou rodeado por trevas inominadas. Ó tu que subjugaste a luz dentro da terra, assim deves tu fazer para todo o sempre. E a luz do sol não brilha para ti e a da lua não emprestará teu brilho a ti e as estrelas se esconderão, pois tu passaste além dessas coisas, além da necessidade dessas coisas, além do desejo dessas coisas.


Pensei em pedaços de pedra, mais pensadas do que realmente vistas e parecem ser Mestres velados sentados calma e silenciosamente. Eles não podem ser distinguidos um do outro.


E o Anjo diz: Veja para onde o teu Anjo o leva. Tu pediste por fama, poder e prazer, saúde e riqueza e amor e longos dias. Tu agarraste a vida com os oito tentáculos como um octopus. Tu procuraste os quatro poderes e os sete deleites e as doze emancipações e os dois e vinte Privilégios e as nove a quarenta Manifestações e Veja! Tu te tornaste um Desses. Curvadas estão tuas costas em cima da qual repousa o universo. Veladas estão as faces daqueles que contemplaram a glória Indescritível.


Esses adeptos parecem Pirâmides - seus capuzes e robes parecem Pirâmides.


E o Anjo diz: Em verdade, a Pirâmide é o Templo da Iniciação. Em verdade, também é uma tumba. Pensaste tu que haveria vida com os Mestres do Templo que, encapuzados, sentam no Mar? Em verdade, não existe vida neles.


Suas sandálias eram feitas de pura luz e tiraram-nas de seus pés e lançaram-nas no abismo, pois este Æthyr é o solo santo.


Aqui as formas não existem e a visão da de Deus, face-a-face, que é transmutada em Athanor chamado dissolução, ou martelada numa forja de meditação, é, nesse lugar, uma blasfêmia e um escárnio.


E a Visão Beatífica não acontece mais e a Glória do Altíssimo não mais existe. Não existe mais conhecimento. Não existe mais êxtase. Não existe mais poder. Não existe mais beleza. Pois esse é o Palácio da Compreensão, pois tu és uno com as cousas Primevas.


Beba da mirra de minhas palavras, que está ferida pela bílis da roca e dissolvida na tinta da lula e perfumada com beladona.


Este é o teu vinho, com que te embriagaste, o vinho de Iacchus. E pelo pão comerás sal, Ó tu nos cereais de Ceres que fizeste cera! Pois como o puro ser é o puro nada, assim é a pura sabedoria, a pura......, a pura compreensão é o silêncio e tranqüilidade e trevas. O olho é chamado setenta e o triplo Aleph pelo qual tu o notaste, dividido no número da terrível palavra que é a Chave do Abismo.


Eu sou Hermes e fui enviado pelo Pai para expor todas as cousas, prudentemente, nessas últimas palavras que tu ouvirás antes de sentar-se entre aqueles, cujos olhos estão cerrados e os ouvidos surdos e bocas seladas, que estão curvados sobre si mesmos, o licor cujos corpos são secados para que não reste nada mais do que uma pirâmide de pó.


E esse brilho da luz de conforto e essa penetrante espada da verdade e toda força e beleza que eles fizeram de si mesmos, são tirados deles, como escrito: “ Eu vi Satã, como um raio, cair do Céu” e como uma espada flamejante está pingando no abismo, onde as quatro bestas esperam e vigiam. E o brilho aparece no céu de Júpiter como uma estrela matutina ou como uma estrela vespertina. E a luz brilha pela terra e leva esperança e ajuda aqueles que vivem nas trevas do pensamento e bebem do veneno da vida. Cinqüenta são os portais da compreensão e cento e seis são as suas estações. E o nome de cada estação é Morte.


Durante todo esse discurso, a figura do Anjo encolhe e murcha e se vai.


Então retorno ao meu corpo, impetuoso como uma chama numa ventania. E a pedra de visão torna-se cálida e nela está a sua própria luz.



Bou Saada
3 de Dezembro de 1909. 21:50 - 23:1

Referências